Offline
Chapa de Fábio Mitidieri sacramenta apoio a nomes rivais: paz oficial ou bomba relógio em Sergipe?
Ao lançar Jefferson Andrade como vice e a dupla André Moura Alessandro Vieira para o Senado, Mitidieri tenta enterrar disputas históricas mas a indefinição de outros nomes da base põe fogo nas articulações e acende sinal de alerta para fogo amigo em 2026.
Por André Morais
Publicado em 06/12/2025 12:07
Política

 


Por que a chapa impressiona — e preocupa

O anúncio oficial da aliança mostra a capacidade de articulação de Mitidieri. A escolha de André Moura e Alessandro Vieira, com Jefferson Andrade como vice, une forças antes divididas, representando tanto pragmatismo político quanto tentativa clara de transmitir unidade à base governista. Ao mesmo tempo, o gesto expõe o grau de fragilidade interna: para acomodar os dois senadores, sobrou apenas espaço para um vice — restando para outros nomes apenas a opção de candidatura avulsa ou dissidência.

A “trégua” entre Moura e Vieira: paz forçada ou entendimento real?

As divergências históricas entre Moura e Vieira sempre foram mais do que retóricas — representavam estilos de poder e bases diferentes. Ao reuni-los na mesma chapa, Mitidieri dá um recado forte de comando, exigindo obediência coletiva. Entretanto, a natureza dessa conciliação levanta dúvidas sobre a durabilidade do entendimento: pode se tratar de um acordo circunstancial, sustentado mais por conveniência eleitoral do que por concordância ideológica ou programática.

E os “excluídos da vez”? A encruzilhada de Edvaldo Nogueira e Rogério Carvalho

Com a chapa dobrada, nomes tradicionais da base como Edvaldo Nogueira e Rogério Carvalho ficam rebaixados, sem espaço formal. A indecisão pública sobre apoio a Mitidieri sinaliza que a coalizão governista pode perder a coesão caso não haja acomodação. A alternativa de candidaturas avulsas ao Senado ameaça fragmentar o eleitorado governista e abrir fissuras internas, abrindo brecha para eventual desgaste ou disputa interna aberta.

O risco de “chapas paralelas” e o caos eleitoral

Especialistas já indicam que a tendência de candidaturas avulsas ao Senado, observada em outros estados, pode se repetir em Sergipe. Se até quatro nomes alinhados a Mitidieri disputarem sem integrar a chapa majoritária, o que se desenha é um pleito marcado por dispersão de votos, risco de divisão do arco político governista e, no limite, abertura para vitória de oposição. Mais do que concorrência individual, seria o prenúncio de crise orgânica.

Conclusão: união pragmática ou bomba eleitoral?

A chapa de Mitidieri representa um ato de engenharia política: reorganizou forças, neutralizou rivalidades visíveis e buscou projetar paz interna. Mas a paz tem cheiro de pólvora a exclusão de caciques históricos e o possível descontentamento interno transformam essa “união” em trégua frágil, sujeita a estilhaçar-se. Se não for acompanhada por gestão de egos e negociações finas, a aliança pode explodir nas mãos do próprio criador.

 

Comentários